Manuel
Viriato Correia Baima do Lago Filho, jornalista, contista,
romancista, teatrólogo e autor de crônicas históricas e
livros infanto-juvenis, nasceu em 23 de janeiro de 1884, em
Pirapemas, MA, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 10 de
abril de 1967. Eleito em 14 de julho de 1938 para a Cadeira
n. 32, na sucessão de Ramiz Galvão, foi recebido em 29 de
outubro de 1938, pelo acadêmico Múcio Leão.
Filho
de Manuel Viriato Correia Baima e de Raimunda N. Silva Baima,
ainda criança deixou a cidade natal para fazer cursos primário
e secundário em São Luís do Maranhão. Começou a
escrever aos 16 anos os seus primeiros contos e poesias.
Concluídos os preparatórios, mudou-se para Recife, cuja
Faculdade de Direito freqüentou por três anos. Seus planos
incluíam, porém, a radicação no Rio de Janeiro, e sob o
pretexto de terminar o curso jurídico na metrópole, veio
juntar-se à geração boêmia que marcou a intelectualidade
brasileira no começo do século. Em 1903 saiu no Maranhão
o seu primeiro livro de contos, Minaretes, marcando o
aparecimento de Viriato Correa como escritor. O livro não
agradou a João Ribeiro, que descarregou contra ele toda a
sua crítica. Considerou afetado o título, proveniente do
árabe, porque uma mesquita não tem nada e comum com contos
sertanejos, que foi o tema da obra.
Por
interferência de Medeiros e Albuquerque, de quem se tornara
amigo, Viriato Correia obteve colocação na Gazeta de Notícias,
iniciando carreira jornalística que se estenderia por
longos anos e no exercício da qual seria colunista do
Correio da Manhã, do Jornal do Brasil e da Folha do Dia, além
de fundador do Fafazinho e de A Rua. Colaborou também em
Careta, Ilustração Brasileira, Cosmos, A Noite Ilustrada,
Para Todos, O Malho, Tico-Tico. No ambiente das redações,
em convívio com intelectuais expressivos como Alcindo
Guanabara e João do Rio, encontraria incentivo para a
expansão dos pendores literários já revelados. Muitas das
suas obras de ficção consagradas em livro foram divulgadas
pela primeira vez em páginas de periódicos. Assim ocorreu
com os Contos do sertão, que, estampados primitivamente na
Gazeta de Notícias, foram reunidos em volume e publicados
em 1912, redimindo Viriato Correia do insucesso de Minaretes.
Outros livros de ficção viriam depois confirmar o contista
seguro, pelo justo equilíbrio entre o ritmo empolgante e a
pausa tranqüilizadora da descrições. Inspirava-se no
cotidiano burguês ou campestre, em cenários exclusivamente
brasileiros.
Obteve
notoriedade no campo da narrativa histórica, ombreando-se
com Paulo Setúbal, que também se dedicou ao gênero.
Enquanto o escritor paulista deu preferência ao romance,
Viriato Correia optou pelas estorietas e crônicas, com o
intuito visível de atingir o leitor comum. Escreveu no gênero
mais de uma dezena de títulos, entre os quais se destacam
Histórias da nossa história (1921), Brasil dos meus avós
(1927) e Alcovas da história (1934). Com o objetivo de
levar a história também ao público infantil, recorreu à
figura do afável ancião que reunia a garotada em sua chácara
para a fixação de ensinamentos escolares. As sugestivas
"lições do vovô" encontram-se em livros como
História do Brasil para crianças (1934) e As belas histórias
da história do Brasil (1948). Deixou ainda muitas obras de
ficção infantil, entre elas o romance Cazuza (1938), um
dos clássicos da nossa literatura infantil, em que descreve
cenas de sua meninice.
O
meio teatral, que freqüentou como crítico de jornal e mais
tarde como professor de história do teatro, propiciou a
Viriato Correia amplo domínio das técnicas dramáticas,
transformando-o num dos mais festejados e fecundos autores
teatrais em sua época. Escreveu perto de 30 peças, entre
dramas e comédias, que focalizam ambientes sertanejos e
urbanos, vinculando-o à tradição do teatro de costumes
que vem de Martins Pena e França Júnior.
Foi
deputado estadual no Maranhão, em 1911, e deputado federal
pelo Estado do Maranhão em 1927 e 1930. |