O Ateneu

Raul Pompéia

Chamado pelo autor de “Crônica de saudades”, O Ateneu, no entanto, ultrapassa essa dimensão auto biográfica por sua qualidade literária. Classifica-se como um “romance de formação”, isto é, um romance que narra a passagem da mente infantil para a adulta, e tem como mola propulsora, como fio de meada, a memória de Sérgio, o narrador-personagem.

            Já adulto, ele relata os episódios emocionalmente mais marcantes, mais traumatizantes, ocorridos ao longo dos dois anos em que foi aluno do Ateneu.

            Tendo por tema central o drama da solidão, o desajuste do indivíduo num ambiente que lhe é hostil. O Ateneu compõe-se de doze capítulos que se assemelham a uma sucessão de quadros, não subordinados necessariamente entre si. Mais do que relatar episódios acontecimentos ou ações, tais quadros relatam as impressões, as sensações que deixaram na alma Sérgio, seja em suas tentativas inúteis e mal-sucedidas de encontrar amigos, seja no amor platônico que dedica a Ema, a esposa de Aristarco.

            Essas duas faces da obra – a de desenvolvimento do interior do narrador-personagem e a de denúncia de todo um sistema educativo – são exemplos de como se reúnem tendências literárias opostas, pode-se dizer conflitantes: de um lado a tendência impressionista (e podemos acrescentar expressionista, simbolista, na medida em que convivem) e, de outro, uma tese a ser defendida, bem à moda naturalista.

Visualizado em 800 x 600          © Copyright 2002          Todos os direitos reservados